Para montar a paginação do piso acima, a arquiteta capixaba Marilia Celin e seu marmorista (nome dado ao profissional que trabalha no benefciamento de pedras) passaram um bom tempo debruçados sobre a prancheta estudando o desenho da chapa do quartzito vena verde. “A medida das peças que serão usadas como revestimento é definida com base no tamanho do bloco extraído da pedreira. Para total aproveitamento da matéria-prima, medimos tudo detalhadamente e numeramos os pedaços a serem cortados. A montagem acontece depois, como num quebra-cabeça”, explica a profissional.
De fato, o assentamento do quartzito não apenas exige como também merece esse esforço. Abundante no solo brasileiro, especialmente no norte de Goiás, na Bahia, em Minas Gerais e no Espírito Santo, essa rocha nobre e versátil só agora se torna conhecida, graças a um recente incremento tecnológico do segmento. “Havia grande dificuldade na industrialização do quartzito. Por causa de sua elevada dureza, a extração era sempre muito difícil, e o beneficiamento terminava caro demais”, revela o engenheiro mecânico Ronaldo Frizzera Matos, diretor de produção e pesquisa do Grupo Corcovado Brasigran. A evolução do maquinário, que permite melhores técnicas de corte, aliado a um bom trabalho de conscientização dos marmoristas, mudou essa equação. Hoje, o quartzito desponta como uma das variedades mais interessantes para a construção civil.
“Ele agrega as melhores qualidades de outras rochas. Mostra-se mais resistente do que o granito ao mesmo tempo que oferece a beleza do mármore”, observa o arquiteto Junior Torezani, fã do material. Por enquanto, seu preço médio ainda assusta: o padrão intermediário chega a custar, em média, o triplo de um bom granito e mais do que o dobro do mármore. A boa notícia é que nem mesmo o mercado acredita que esse valor se manterá por muito tempo. Com a extração mais simples, a tendência é de que os preços diminuam. Os cuidados práticos com instalação e manutenção já foram detalhados pela Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), que disponibiliza na internet o Guia de Aplicação de Rochas em Revestimentos, ótima fonte de consulta para arquitetos e instaladores.
Ranking de resistência
Pela escala de Mohs, a dureza dos minerais revela sua postura em relação à abrasão superfcial. O diamante, material de referência, é o único a alcançar dez pontos
O quartzito é versátil: aparece em pisos, paredes, bancadas e até em móveis e acessórios. No entanto, as informações abaixo fazem a diferença na hora de escolher o seu.
- PLANA. Poucas variações na espessura, sem pontos de esfarelamento, sinalizam alta qualidade. Observe as bordas antes do benefciamento.
- UNIFORME. Recuse manchas indesejadas (indícios de infltração), fissuras, trincas e trechos com ferrugem, que fragilizam a lâmina.
- TEMPO FIRME. O quartzito tolera grandes mudanças de temperatura sem sofrer modifcações estruturais ou transmitir calor em excesso.
- INFLEXÍVEL: A baixa tenacidade faz do material uma alternativa nada afeita a dobras: tentativas de curvá-lo terminam em quebra.
Proteja e impermeabilize: beneficiamento prévio pede complementos.
Ao receber as chapas na obra, armazene-as longe de sol, água e elementos que possam criar ferrugem. Em seguida, cuide da impermeabilização, fundamental para manter o bom aspecto da pedra. “O processo acontece em várias etapas. Sempre que houver novo corte ou furo para a colocação sobre uma superfície ou a instalação de objetos como torneiras, esse ponto deve ser protegido”, detalha Ronaldo Frizzera Matos, do Grupo Corcovado Brasigran.
Limpeza em dia: vale a velha receita – bastam água e sabão neutro
Antes da impermeabilização, caneta esferográfica, palha de aço e massa de vidraceiro estão entre os piores inimigos do quartzito. Depois de protegida, no entanto, a pedra é praticamente imune a problemas. Para limpá-la, utilize pouca água e detergente neutro.
Fonte: casa.abril.com.br/construcao/quartzito-pedra-une-a-beleza-do-marmore-a-resistencia-do-granito/